Cresci com meu avô dizendo que vida que é vida se vive no mato, com os bichos, tomando leite fresco, comendo fruta que a gente mesmo colhe, sentando à porta de casa pra ver estrelas e jogar conversa fora com a vizinhança...reunir-se em uma casa com muitos amigos pra assistir ao noticiário, respirar ar puro...não pegar engarrafamento, não temer, a cada segundo, ser surpreendido por um assalto no meio da rua, não presenciar, em cada esquina, uma família desabrigada e com fome... Tenho vontade de trocar os sons dos carros estacionados nas lojas de conveniência dos postos de gasolina pelo silêncio e tranquilidade de um dia frio na roça, onde se ouve nada mais que ruído de inseto e som do vento sacudindo a folhagem.
Há quem diga que estou apenas querendo fugir de participar dos problemas da cidade grande, abster-me de ser também causadora dos males que estão aqui... Sim, porque somos todos culpados! Que seja por isso, então! O que há de errado em querer fugir? Em vislumbrar um futuro mais saudável, mais simples? Do jeitinho mesmo que eu gosto de ser: simples. E porque não dizer que, ''me mandando'', estou até contribuindo de alguma forma para reduzir a quantidade de carros no trânsito? Serei também menos uma pessoa na fila do banco! Ora!!! Mas não é verdade? Pensemos no futuro de maneira otimista, minha gente! É o que tenho tentado fazer.
Eu gosto de cinema, gosto de praia, gosto de shopping (muito!), gosto de gente, de movimento, gosto de teatro, de trabalho, de festas... mas eu gosto, sobretudo, de paz, de respirar! E aqui, em meio a tantos excessos, fica cada vez mais difícil encontrar isso. Pode dizer que gosto mesmo é de mordomia, mas a verdade é que eu queria não precisar contar até 10 pra esquecer do aborrecimento do engarrafamento (perceberam como aquele engarrafamento mecheu comigo, né?) ou ter que fugir, no fim de semana, pra uma casa de praia na Estrada do Coco pra saber o que é tranquilidade. Quero paz todo dia!
E se eu pensar que nem tudo lá no mato são flores? Sim, eu sentiria falta do que há de bom aqui. Sentiria falta do que eu disse que gosto e de mais um monte de coisa! E, por outro lado, em alguns aspectos, os interiores já não são os mesmos. No campo, há, assim como na cidade grande, miséria, dificuldades...dias ruins! O desenvolvimento não chegou só pra nós, moradores das ''selvas de pedra''. Pra quem deseja ainda ver céu estrelado e som de passarinho, é bom se apressar!
Enquanto eu não posso fugir, me escondo nos cantinhos onde ainda se acha tranquilidade por aqui, procuro me apaixonar cada vez mais pela música que canta o que é sertão, que canta o que é sertanejo, nordestino, o que é amor e simplicidade...o verdadeiro forró pé-de-serra. E, inevitavelmente, quanto mais o tempo passa, mais eu admiro isso que se estigmatizou ''caipira'', chucro...eu adoro o sotaque, os neologismos completamente despretensiosos desse povo, o bom humor, a vitalidade... De fato, eu sou uma amante desse Paraíso!
Aaaahh... não percam os próximos capítulos!!!
Gabriela Rocha
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