Em meio às vibrações, muitas vezes, desesperadas e, outras vezes, contidas da torcida, via, em cada olhar ou sorriso ou gesto ou palavra, motivos diferentes para ser torcedor. Vi a torcida dos amigos fieis, também amantes do esporte e que, por uma questão de honra, não podiam ser decepcionados. Vi a torcida de quem passou 90 minutos sem saber onde estava a bola, mas sabendo, perfeitamente e com detalhes, onde encontrava-se beleza em campo. Vi a torcida de quem é coruja e presente; só queria ver gol e ai de quem machucasse seus protegidos. A torcida de quem é quase menor que a bola e que desejava mesmo era estar também desfrutando dela, brincando, junto com os campeões; podia até ser na piscina, caso o campo fosse grande demais! Vi a torcida apaixonada de quem desejava um presente como o meu, mas que se contentava, simplesmente, com a vitória daquele que dava sangue (às vezes, literalmente) em campo. Vi ainda torcedores agressivos de tanto amor (rs), que, por muito pouco, não atravessaram o alambrado pra cumprir com aquilo que ordenavam de fora e que, sabe-se Deus porquê, seus jogadores não realizavam.
Sol de meio dia, euforia, desgaste, pressa em escutar o apito final...finalmente, CAMPEÃO! Felicidade, alívio, realização, dentro e fora de campo; frustração, chateação, cobrança, dentro e fora de campo (mas só um pouquinho...até as comemorações começarem!).
É preciso ter sensibilidade pra avaliar um jogo de futebol como sendo, de fato, um espetáculo. Não apenas no sentido comumente usado por aí, mas um espetáculo, indiscutivelmente, rico. Rico em sentimentos, sobretudo. Espetáculo vivo, que é totalmente imprevisível e que, por isso, vai se construindo de maneira muito natural. O resultado de um jogo como esse ao qual me refiro aqui, por exemplo, é indescritível, porque as características que estampam uma partida de final de campeonato, onde o time campeão vence de 6x1, não estão, simplesmente, na técnica, na garra ou no vigor físico dos jogadores, mas, sim, numa infinidade de fatores e acontecimentos, ao longo de 90 minutos, que determinam as cores daquele espetáculo que, no final das contas, fica bonito pra todos os envolvidos nele, direta ou indiretamente.
Hoje, o meu olhar girou 360º; quis ver tudo ao meu redor...E há tanto pra se ver, que aposto como não sei nem da metade; há muito mais motivos pra ser torcedor, há muito mais fatores determinantes do resultado final. A experiência de hoje não serviu apenas pra que eu fosse reconhecida como fã nº 1, com direito à cadeira cativa e presente (nada de Maria-Chuteira!), mas também pra reconhecer a possibilidade de espetáculos tão ricos e complexos quanto esse em várias outras circunstâncias. E não há nada a fazer, além de permitir que as coisas possam se construir naturalmente, assumindo a responsabilidade de alguns fatores que determinam o resultado final, lembrando-se sempre de que "eu posso" e, dessa maneira, permitir-se encontrar aquilo que te motiva a ser torcedor e o que te faz ter quem torça por você.
...agora você sabe. :)
Gabriela Rocha